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“COPA “ ENEM: 6 MILHÕES JOGANDO O FUTURO.

Se você prestar atenção, é muito semelhante a um campeonato nacional de futebol: há Série A e Série B, times de ponta e elencos de enorme pobreza, craques revelados pelo grande esforço e talento, jogadores que se recusam a “suar” a camisa, pondo-se sempre na linha de impedimento, e os técnicos, bons e ruins, curiosamente chamados por ambos os grupos de…professor!

Pois bem, longe muito longe da atenção que a mídia tupiniquim dá às estrelas do futebol brasileiro, enchendo suas páginas e telas com notícias e fotos fartas, semana passada fecharam-se as inscrições do ENEM, hoje o grande vestibular nacional, e o número de candidatos surpreendeu até a mais otimista das previsões: 6 milhões e duzentas mil pessoas deixaram clara sua vontade de estudar e tentar uma vaga no nível superior de ensino.

Como num campeonato, os estudantes dos colégios particulares do sul-sudeste, à semelhança dos clubes de elite (São Paulo,Flamengo,Santos etc) saem na frente com uma grande vantagem: por lá, no mínimo, os professores compareceram a todas as aulas e, ganhando salários compatíveis com sua importância, deram o melhor de
si nas aulas ordinárias e ainda extrapolaram em revisões, aulas extras e paciente atendimento personalizado aos alunos com acentuada dificuldade.Desses times, ou melhor, colégios, muitos estudantes prestam o ENEM de olho nas muitas Universidades Federais de ponta espalhadas pelo país.E são, sem dúvida, os primeiros a preencher as
melhores vagas.

Na outra ponta, os colégios públicos do centro-oeste, norte-nordeste parecem entrar em campo para tentar um empate honroso ou assumir a “lanterninha” da competição. Por lá, há meses, não aparece professor de
Química, Física, o de Redação foi uma vez e não mais voltou, inúmeras greves paralisaram o ano letivo, e dinheiro para aulas de reforço, nem pensar!São os times de várzea, ou escolas da pobreza cujos alunos ainda veem o ENEM como passaporte para o PROUNI, chance de ingressar em uma faculdade privada( nos dois sentidos, em alguns casos), com o governo pagando suas mensalidades. Em outros casos, é o ENEM ,agora, a possibilidade de conseguir o certificado de conclusão do ensino médio, para os que já tinham ancorado no meio do caminho.

E assim esse exame nacional – para o qual bato palmas, sim! – ainda é um claro indicador das nossas desigualdades sociais, aprofundadas pela má-distribuição da informação e do saber.O que precisamos- e já – é de
providências públicas velozes, em parceria ou não com a sociedade civil, para qualificar nosso estudante do ensino médio, em qualquer ponta do país, a fim de que o seu time ( o seu colégio) não se veja eternamente condenado a disputar a “segundona” da nossa educação. E da vida, é claro.