A população negra e parda tem mais dificuldade de
conseguir emprego e, quando consegue, ganha salários mais baixos do que a
população branca, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A renda média real recebida pelas pessoas ocupadas no País foi estimada em R$ 2.043,00 no quarto trimestre de 2016. O
rendimento dos brancos era de R$ 2.660,00 (acima da média nacional),
enquanto o dos pardos ficou em apenas R$ 1.480,00 e o dos trabalhadores
que se declaram pretos esteve em R$ 1.461,00.
"Por isso que a gente precisa de políticas diferenciadas de inserção no
mercado de trabalho para essa população. É uma população que tem
dificuldade de entrar no mercado de trabalho e, quando se insere, tem
uma condição mais precária", afirmou Cimar Azeredo, coordenador de
Trabalho e Rendimento do IBGE. A taxa de desemprego das pessoas que se
declararam de cor preta ficou em 14,4% no quarto trimestre de 2016,
enquanto a taxa entre a população parda foi de 14,1%.
Os
resultados são maiores que o da média nacional, de 12,0%, e do que o
registrado pela população declarada como branca, que teve taxa de
desemprego de 9,5% no quarto trimestre de 2016. "Vivemos no Brasil um
processo de escravidão complicado. Por mais que a gente se afaste anos,
existe um dever de casa a ser feito bastante importante", disse Azeredo.
O
coordenador do IBGE aponta problemas estruturais e baixa escolaridade
como algumas justificativas para a maior dificuldade enfrentada por
negros e pardos no mercado de trabalho. No quarto trimestre de 2016, o
total de desocupados no País era de 12,3 milhões de pessoas, sendo 52,7%
deles pardos; 35,6%, brancos; e 11,0% declarados pretos.
Entre os trabalhadores ocupados, 90,3 milhões de pessoas, 41,7 milhões
que se declararam de cor branca (46,2%), 39,6 milhões de cor parda
(43,9%) e 8,1 milhões de cor preta (8,9%). "É uma mazela permanente",
definiu Azeredo.
