O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira, em entrevista à rádio Arapuan, da Paraíba, que o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB), além de seus partidos, estão “provando do veneno” ao terem de se defender de acusações de corrupção que estão enfrentando.
“O PMDB, o Temer, o Aécio, o PSDB estão provando do veneno que produziram neste país. Estão colhendo tempestade porque plantaram vento, plantaram o ódio e estão colhendo isso”, afirmou. “Esse país está num clima de ódio, de intolerância, porque eles criaram isto.”
Tanto Temer, que era vice-presidente, quanto Aécio, candidato derrotado em 2014 e um dos principais líderes da então oposição, articularam para que a presidente Dilma Rousseff (PT) fosse retirada do poder. Ele ressaltou, no entanto, que Temer tenha o direito de se defender e que as acusações contra ele devem ser embasadas em provas, segundo informações da Veja.
“A lei vale para todos, para o mais humilde e para a figura mais importante do país. Entretanto, é preciso que as pessoas que fazem as acusações tenham provas materiais. Você não pode, só por conta de delação, culpar as pessoas, porque têm muito delator mentindo”, declarou.
“Se tem uma acusação contra o Temer tem que ser investigada. Se ele for investigado, tem que ser julgado e, se for culpado, condenado. A regra é essa para mim, para ele, para você e para qualquer pessoa desse país”, afirmou. Não podemos viver em um país onde o denuncismo acontece todo dia. Eu quero provas”, disse.
Para ele, o Ministério Público Federal está numa encruzilhada porque não consegue transformar as delações em provas. “O MPF se comprometeu com mentiras e agora eles não têm o que entregar”, disse. Sobre a popularidade do governo Temer, Lula fez um comentário irônico. “As pesquisas demonstram que ele [Temer] é uma margem de erro. Um cara que tem 3% [de intenções de voto] não tem nada”, disse.
Eleições
Sobre a eleição presidencial de 2018, Lula disse que gostaria de construir uma aliança com legendas de esquerda que já foram seus aliados em outras disputas – ele citou o PSB, o PDT e o PCdoB – e “personalidades dignas que existem em outros partidos também”.
“Mas tem de ser uma aliança programática. A construção de aliança política será feita com base em um programa para recuperar a economia deste país”, disse. Para ele, a coligação terá de levar em conta as questões regionais das legendas, porque o PT “é o único partido nacional do Brasil, com decisões de caráter nacional”. “Os outros são partidos regionais.”
Para ele, no entanto, dificilmente o PT conseguirá repetir na próxima eleição presidencial uma aliança como a de 2010, quando Dilma teve no primeiro turno o apoio de dez partidos (PT, PMDB, PDT, PCdoB, PSB, PR, PRB, PSC, PTC e PTN). “É muito difícil hoje imaginar que você possa fazer a aliança política que foi feita em 2010, mas é muito complicado também imaginar que um partido sozinho tem força para ganhar as eleições”, afirmou.