A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, do Rede, diz que o Brasil precisa de um intervalo político entre a profunda crise atual e a instauração de um país republicano de fato. Nessa "transição legitimada", o país poderia aproveitar a oportunidade e se reinventar. "Não podemos aproveitar para pensar como queremos ser depois dessa crise?", provoca.
A ex-ministra diz que ainda não se decidiu, e nem seu partido, sobre a eventual candidatura, mas que os esforços do Rede se concentram na atualização de um programa de governo. "Não se pode ter um país com 200 milhões de brasileiros em que se ganhe uma eleição sem ter um programa", registra.
Ela rejeita a queixa recorrente de que está omissa nas questões políticas cruciais do Brasil. "Tenho me posicionado constantemente, mas não disponho das estruturas faraônicas dos grandes partidos." Os retrocessos ambientais, avalia, se sucedem desde 2012 e agora se aprofundam. "É a lógica de trocar sempre votos no Congresso pelas agendas consideradas não importantes - ambiente, índios, direitos humanos."
Marina refere-se ao partido Rede no feminino. Não se trata de uma questão gramática, mas de posição política. "A Rede é uma instituição política, um partido-movimento", diz a líder de uma agremiação que persegue a atualização da política e estar em sintonia com os movimentos globais de vanguarda, críticos das estruturas partidárias tradicionais. O Valor, contudo, adota o masculino, mesma regra que aplica para outros partidos-movimento.