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Taís Araújo entrega receio com filho: 'A cor faz as pessoas mudarem de calçada


Vítima de ataques racistas na internet, Taís Araújo admitiu preocupação com o futuro dos filhos, João Vicente, de 6 anos, e Maria Antonia, de 2 anos e 7 meses. Palestrante do TEDx São Paulo, a atriz abordou o tema "Como criar crianças doces num país ácido" e discutiu a criação dos herdeiros no Brasil nesta última quinta-feira (16).

"Eu vejo diferença entre criar meninos e meninas. Gênero é uma questão. Porque, quando engravidei do meu filho, fiquei muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de passar por situações vivenciadas por nós, mulheres. Teoricamente, ele está livre. Certo? Errado", iniciou.

Na palestra no TEDx São Paulo, Taís Araújo lamentou que o filho pode ser alvo de preconceito por conta de sua cor. "Errado porque meu filho é um menino negro. E liberdade não é um direito que ele vai poder usufruir se ele andar pelas ruas descalço, sem camisa, sujo, saindo da aula de futebol. Ele corre o risco de ser apontado como um infrator. Mesmo com 6 anos de idade" segundo informações do Purepeople.

"Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir para sua escola, pegar uma condução, um ônibus, com sua mochila, com seu boné, seu capuz, com seu andar adolescente, sem correr o risco de levar uma investida violenta da polícia. Ao ser confundido com um bandido. No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e blindem seus carros. A vida dele só não vai ser mais difícil que a da minha filha", continuou a artista, com planos de adotar uma criança no futuro.

No papo, Taís ainda falou sobre a filha, de quem admitiu que tem escolhas contrárias, e comentou preocupações diferentes que possui com a menina: "Com a Maria Antônia eu me pego pensando o tempo inteiro em como nós mulheres somos criadas para agradar. O quanto nos silenciam e o quanto nos desqualificam o tempo inteiro. Quando penso o risco que ela corre simplesmente por ter nascida mulher e negra, eu fico completamente apavorada".

"Fico elaborando o tempo inteiro uma maneira de criar meus filhos aqui, no meu país. Como criar crianças doces em um país tão ácido. Como criar crianças que acreditem que pluralidade e diversidade são riquezas em um país que é tão plural, tão diverso e tão desigual. Como não jogar sobre elas uma vivência, experiência e até uma mágoa, que é minha? Mas também, como não permitir que elas enfrentem o mundo de maneira ingênua para que não sejam atropeladas pelo racismo que existe na estrutura do nosso país", finalizou a esposa de Lázaro Ramos, "mais casca grossa" após a maternidade.