Dizer que os blocos ‘de corda’ estão morrendo por causa do crescimento do carnaval ‘pipoca’ é coisa muito ultrapassada. No Carnaval de Salvador de 2018, eles continuam vivos. E, para falar a verdade, estão trazendo maior diversidade ao circuito. Na sexta (9), o bloco mais cheio do circuito Dodô foi o Blow Out, comandado pela cantora Claudia Leitte.
Era fácil reconhecer os seus foliões por toda a Barra-Ondina: estavam vestidos de amarelo, como jogadores de basquete, e a imensa maioria deles – diria que 95% – era formada por homens segundo informações do Correio da Bahia. Foliões de Recife, Werlysson Pereira e Rafael Morais dizem que os blocos prestam um serviço ao turista.
“Para a gente que quer curtir sem conhecer tão bem os lugares e as pessoas, facilita muito. Se estão morrendo mesmo, é uma pena”, lamenta Werlysson, folião do Blow Out. Hugo Pinheiro, que veio de São Paulo, tem uma teoria: “os blocos agora são voltados para nichos de pessoas, e não estão morrendo por causa da pipoca, não. Ontem (quarta), mesmo, saí na pipoca de Saulo e agora estou aqui (Blow Out)”, conta o folião.
“Sempre que venho a Salvador gosto de sair em bloco, não abro mão, apesar da grana. Neste ano, comprei Blow Out e Largardinho”, completou, dizendo que investiu R$ 1,6 mil para ter os dois. Para Hugo, os blocos de Claudia Leitte encontraram o seu lugar para continuarem procurados no Carnaval: “São blocos definitivamente abraçados pelo público gay, e isso é um diferencial na hora que você vai comprar. Você já sabe que público frequenta e assim fica mais à vontade. Veja um bloco como esse, por exemplo, ele é muito bem frequentado”, teoriza.
A escolha do artista também faz toda a diferença para o público. “Escolhemos mais por conta do artista, mesmo. A gente gosta de sair um dia na pipoca, outro no bloco e outro no camarote, para não enjoar”, disse Liliana Correia, que veio com três amigas de São Paulo para Salvador. Elas saíram no bloco Fissura, puxado pelo cantor Tomate.
“Paguei por causa de Léo (Santana), né, velho? O cara tá ‘estourado’, com várias músicas nas paradas, e numa pipoca ia ser mais confusão para sair”, conta o baiano Idiamin Santana, que escolheu o bloco Nana. Todos os entrevistados pelo Correio, no entanto, concordaram numa coisa: a programação do Carnaval sem cordas está deixando os blocos mais baratos a cada ano.
“O certo de se dizer não é que eles estejam morrendo, é outra coisa... Sempre saio em bloco, desde nova. Neste ano ‘peguei’ Nana por R$ 70 e Banana Coral por R$ 60. Antes, não comprava um com esse valor somado”, disse Suelen Mendonça, baiana que saiu nos dois blocos ontem.
“Caiu muito o preço neste ano. A gente gosta de ver Chiclete e Bell Marques. Já comprei bloco deles por R$ 900 ou mais, e achei neste ano por R$ 450”, concordou a paulista Liliana Correia. “Então acaba que para a gente, folião, ficou melhor de curtir várias festas diferentes”, opinou.