O Ministério Público do Paraná pediu que a Polícia Civil abra uma nova investigação para apurar as eventuais relações de Edison Brittes, assassino confesso do jogador Daniel, com o crime organizado do estado. Daniel foi achado morto no final de outubro, em uma estrada rural de São José dos Pinhais, região de Curitiba com sinais de tortura. Antes, ele foi espancado na casa da família Brittes.
Além de Edison, outros seis suspeitos de envolvimento no crime estão presos. "A promotoria de Justiça por dever de ofício requisitou a delegacia de polícia a instauração de um inquérito policial específico, que nada tem a ver com o homicídio em si, para apurar eventual atuação dele em organização criminosa", explicou o promotor de Justiça João Milton Salles.
A investigação apontou que no dia do crime Brittes usava o chip do telefone de outra pessoa - Fernando Cidral de Oliveira, assassinado em 2016. "E esse rapaz que foi executado (Fernando) tinha como atividade principal a receptação e adulteração de veículos roubados", afirma o promotor ao Fantástico. Brittes já responde a dois processos por receptação de veículos roubados e também já foi preso duas vezes por porte ilegal de arma.
Em uma dessas prisões, Brittes alegou ser amigo de policiais e afirmou que iria ligar da própria delegacia para o deputado Rubens Recalcatti, do PSD. O político aparece em um vídeo de aniverário de Cristiana, mulher de Brittes, desejando parabéns a ela. O deputado é delegado de polícia aposentado e réu por um assassinato de 2015. Claudio Dalledone, advogado de Brittes, é também defensor do deputador.
"Foi uma abordagem policial que adveio a morte do indivíduo que atirou contra a equipe policial", diz Dalledone. Ele também afirma que seus clientes não são amigos. "Mais um compromisso político (o parabéns no aniversário de Cristiana), não é uma amizade, um frequentar a casa do outro". O policial Edenir Canton é outro nome que aparece no caso.
Ele também é acusado do assassinato com o deputado Recalcatti e responde ainda a crimes de organização criminosa e extorsão mediante sequestro. O policial está desde o ano passado afastado de suas funções. O carro usado para transportar Daniel da casa de Brittes a estrada onde foi achado morto está em nome de Edenir.
"Ele vendeu esse veículo para o Edison Brittes. Apenas por uma questão formal, questão documental, que com certeza seria feito dentro do prazo que eles julgassem necessário", diz Leonardo Buchmann, advogado do policial. Brittes também usava uma moto que está em nome de traficante preso.
O advogado Dalledone diz que ele estava em "vias de regularizar" a posse do veículo e não tem nenhum envolvimento com o traficante ou o narcotráfico. Edison Brittes esta preso desde dia 1º deste mês. Além dele, também foram presos por envolvimento no crime a filha, a esposa e outros quatro suspeitos.