"Quando a gente vê o sistema de saúde dos Estados Unidos em colapso, a gente pensa no nosso Brasil e fala: Santa Dulce, nossa senhora, ajuda", disse ex-ministro
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Por Juliana Rodrigues no dia 17 de Abril de 2020 ⋅
Durante despedida privada, momentos antes de deixar o prédio do Ministério da Saúde, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta discursou por dez minutos para servidores e assessores. Ele foi exonerado na tarde de ontem (16) pelo presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a Folha, único jornal a acompanhar a cerimônia informal, Mandetta ouviu aplausos, cantorias e falas emocionadas de aliados que estiveram com ele durante um ano, três meses e 16 dias em que esteve a frente da pasta. O ex-ministro começou a despedida com uma menção à Santa Dulce dos Pobres, canonizada em 2019. Antes da cerimônia, ele pediu a uma servidora que colocasse a imagem da santa baiana atrás da moldura da sua foto que ficará na galeria de ex-ministros.
“Quando fui a Salvador ver o hospital da obra de Irmã Dulce, estava com prefeito ACM Neto e ele se ajoelhou. Eu decidi ajoelhar também e rezar para que ela iluminasse o país. E disse: Irmã Dulce, se a senhora for santa, vou no Vaticano. Achei que ia demorar 30 anos e pagar a promessa lá na frente, mas fui. Chegando lá, o que eu pedi foi: protege o SUS, porque, ao proteger o SUS, a senhora protege muita gente”, disse.
Mandetta usou o exemplo da santa para se referir ao coronavírus e falar do desafio em implementar medidas de isolamento social, alvo de críticas de Bolsonaro. “A obra dela era uma obra para gente pobre, gente da rua de Salvador, que ela nunca negou, nunca fechou a porta. Tudo o que fizemos aqui foi pensando nos mais humildes. No dia que gente desse ministério me falou como era o ônibus que vinha para cá, o grau de proximidade das pessoas, vamos falar em isolamento social como? O SUS vai pagar a conta de séculos de negligência, de favela, de falta de saneamento básico, de falta de cuidado com o povo mais humilde que é a grande massa trabalhadora desse país."
Mandetta ainda apontou risco de colapso no SUS devido à pandemia. “Quando a gente vê o sistema de saúde dos Estados Unidos, quando vê Nova York em colapso, Chicago em colapso, a gente pensa no nosso Brasil e nesse povo daqui e fala: Santa Dulce, nossa senhora, ajuda", declarou.
O ex-ministro ainda disse que, caso sejam afrouxadas as recomendações atuais da pasta, o sistema de saúde brasileiro poderá ter reflexos como o da Europa, em que há funcionários que já atendem “com saco de lixo na cabeça”. Ele também afirmou que idosos “não são e nunca serão descartáveis sob o argumento da economia que for”, em um recado indireto a Bolsonaro.