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Varíola dos macacos: por que doença se espalha pelo mundo após ser endêmica por décadas na África


O vírus monkeypox, causador da doença conhecida popularmente como varíola dos macacos, é estudado há décadas e já foi detectado em pelo menos onze países africanos desde os anos 1970. Mas por que ele começou a se espalhar por outras partes do mundo justamente agora?

Até o momento, não existem respostas certeiras para essa pergunta. Mas os cientistas listam ao menos cinco hipóteses que ajudariam a entender porque a doença virou uma emergência de saúde pública internacional.

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Entre os fatores levantados por especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, estão o descaso com doenças negligenciadas, o aumento da mobilidade de pessoas com o fim das restrições relacionadas à covid, a falta de imunidade da população contra os vírus dessa família, um padrão de transmissão e uma mistura de todos esses fatores.

'Sinais eram claros'

A virologista Clarissa Damaso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dedicou os últimos 35 anos de carreira a estudar os orthopoxvirus, uma família de agentes infecciosos da qual fazem parte o monkeypox e o causador da varíola humana, entre outros.

De acordo com a avaliação da cientista, era questão de tempo para que o espalhamento do monkeypox acontecesse.

"Uma hora ou outra uma situação dessas ia estourar. A questão é que não damos atenção aos indícios que vêm dos países menos desenvolvidos", analisa.

"E os sinais eram claros: o número de casos vinha aumentando pouco a pouco. Primeiro, por meio do contato do ser humano com animais infectados em áreas silvestres. Depois, nas regiões próximas das cidades maiores."

"Para completar, cada vez mais pessoas vão trabalhar ou passear nas áreas onde esse vírus é endêmico", completa.

"Vale lembrar que essa doença nunca desapareceu do radar, e já tivemos outros surtos menores, de poucos casos, registrados fora da África em anos recentes", concorda a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Todo esse processo significa que o contato das pessoas com o monkeypox foi se tornando cada vez mais comum — até os casos começarem a ser "exportados" para outros continentes com mais frequência e gerarem as cadeias de transmissão observadas nos últimos três meses. Com informações do site BBC.